A comunicação pública tem sido um dos maiores problemas da democracia brasileira desde seu retorno na década de 1980. A primeira eleição presidencial após o longo período de ditadura civil-militar, em 1989, ficou manchada pela edição tendenciosa do último debate entre os candidatos Lula e Collor feita pelo Jornal Nacional. Desde então, todas as eleições presidenciais foram marcadas por esforços das grandes empresas de mídia de influenciar o resultado, e esses esforços foram, sem exceção no sentido de apoiar o candidato mais à direita.
Na cobertura jornalística da política textos elogiosos a políticos e instituições são raros, ao passo que textos meramente descritivos ou abertamente negativos abundam. Ao mesmo tempo que, há uma percepção forte de um viés a favor de candidatos de direita por meio de uma cobertura desproporcionalmente negativa para os candidatos de esquerda ou do silenciamento acerca das ações e posturas da esquerda.
As pesquisas do Manchetômetro confirmaram inúmeras vezes que essa combinação entre silenciamento e tratamento negativo desproporcional (se comparado a forças políticas à direita) é uma das principais características da cobertura dos grandes meios brasileiros em períodos eleitorais e fora deles.
Leia a publicação Cerco midiático: o lugar da esquerda na esfera “publicada” de João Feres Junior.