13.08.2021

O futuro do Mercosul

A FES reuniu mais de 60 especialistas, referências da academia, política, sindicalismo e ambientalismo para analisar a situação da integração na América Latina em um mundo em transição.

O sistema internacional atravessa uma etapa de transição em diversas dimensões. A pandemia da COVID-19 acelerou as tendências globais de transição e mudança do sistema internacional. As direitas, na Europa e na América, refutaram e deslegitimaram o sistema multilateral e sua agenda global. Por sua vez, as expressões exacerbadas de nacionalismo não só econômico, mas também político, xenofóbico e securitizador destas forças políticas têm uma correlação direta com o fenômeno da desintegração regional.

A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), a proposta de construção de um muro na fronteira com o México de Donald Trump nos EUA, as restrições aos venezuelanos na fronteira com Brasil de Jair Bolsonaro ou a campanha de ódio contra coletivos LGBTQIA+ do governo de Erdogan na Turquia, são expressões disso.

Se o antônimo de integração é fragmentação, devemos entender que o nacionalismo atenta contra o fenômeno multidimensional da integração regional, facilitando o processo de restauração neoconservadora. Neste marco, a proposta da “abertura e flexibilização”, apresentada pelos governos do Brasil e Uruguai na cúpula extraordinária do Mercosul, em 26 de abril, gera preocupação.

A discussão instalada em esferas oficiais do MERCOSUL para a ruptura dos acordos fundacionais de criação do espaço econômico integrado terá impactos amplos em diversos aspectos do futuro da região; as dinâmicas de inserção internacional, as trajetórias de desenvolvimento produtivo e seus impactos em termos de emprego, justiça social e ambiental.

Para compreender o que significa a renúncia em construir políticas regionais comuns em aspectos chave para o fortalecimento de nossas democracias e com a convicção da necessidade de recuperar e renovar a discussão política regional sobre o presente e futuro da integração regional, a Fundação Friedrich Ebert, no marco de seu Projeto Regional “Tome Partido”, realizou um encontro entre representantes de partidos políticos de esquerda e progressistas e representantes de organizações sindicais e sociais com objetivo de influenciar a agenda da integração regional.

“Sem integração, não haverá saída da crise”, os processos regionais devem ter como princípios orientadores, o desenvolvimento econômico-produtivo, e a consolidação e fortalecimento da democracia como um bem público regional.

Por isso, chegou a hora de tomar partido pela integração!