Racismo Estrutural: Uma perspectiva histórico-crítica
A ideia central do livro é discutir o racismo para além dos comportamentos preconceituosos e articular o conceito de racismo estrutural a totalidade histórico-social expressa concretamente pelas dinâmicas das relações sociais no capitalismo da etapa da acumulação flexível em um país da periferia global do capitalismo como o Brasil.
No capítulo 1, intitulado “Após a era dos extremos, a restauração conservadora inicia o século XXI”, abordo os dilemas do terceiro milênio a partir das resultantes dos conflitos geopolíticos e econômicos do período pós-guerras mundiais no século XX, a emergência do capitalismo da acumulação flexível como base material para se refletir sobre as transfigurações de determinadas cepas do pós-estruturalismo dos anos 1960 que deram base aos movimentos contra culturais daquele período – no qual as temáticas de gênero e raça tiveram importância e serviram, inclusive, para questionar os arquétipos de sujeito-cidadão bem como de temas concernentes a esfera pública e a sua apropriação pela economia de mercado do capital globalizado. Há assim uma transposição das rebeldias contra culturais para uma proposição de uma administração identitária e como forma de contrapor a este aspecto, proponho pensar a agenda antirracista pelo prisma da totalidade histórico-social, para o qual me fundamento nos pensamentos de Lélia Gonzalez e Clóvis Moura.
No capítulo 2, intitulado “Fundamentos teórico-conceituais de uma perspectiva histórico-crítica do racismo estrutural” o autor transita entre os conceitos de matriz colonial de poder proposto pelo pensador peruano Annibal Quijano, fundamentado na ideia de colonialidade de Enrique Dussel e Samir Amin para uma reflexão dialética do projeto de Modernidade, de forma que se pense a exclusão racial como lógica do modelo de esfera pública estabelecida nos países do continente latino-americano.
No capítulo 3, retomando a discussão da constituição da esfera pública no Brasil recente, a partir da redemocratização dos anos 1980, abordo a coincidência trágica das agendas neoliberal e de democratização do país. Com base nisto, discuto como a apropriação da agenda antirracista é proposta pela perspectiva do chamado “neoliberalismo progressista” por parte de setores conservadores e o lastro deste processo no conceito de “equilíbrio de antagonismos” de Gilberto Freyre e todo o legado do seu pensamento.
No capítulo 4, “Das Rebeliões da senzala ao capitalismo dependente”, retomo o pensamento de Clóvis Moura, particularmente a transição do escravismo para o capitalismo dependente, uma crítica aos limites de um essencialismo presente nas ideias de Beatriz Nascimento e, particularmente, de Abdias do Nascimento e articulo a ideia de quilombagem de Moura e a formação do capitalismo dependente com os conceitos da Teoria Marxista da Dependência, de Ruy Marini, Vania Bambirra e Theotonio dos Santos.
No capítulo 5, à guisa de conclusão, apresento dilemas teóricos e práticos para o movimento negro brasileiro na atual conjuntura.
Curso Racismo Estrutural
Para discutir sobre o livro Editora Dandara e a Fundação Friedrich Ebert Brasil lançam o curso “Racismo Estrutural: uma perspectiva histórica e crítica” baseado no livro de Dennis de Oliveira.
A ideia central do curso é discutir o racismo para além de comportamentos preconceituosos e articular o conceito de racismo estrutural com sua totalidade histórico-social. Através do livro de Dennis de Oliveira, pretendemos abrir espaços para um rico debate sobre o pensamento crítico e articulação das forças de esquerda e progressista na compreensão da formação histórico social brasileira e como o racismo se expressa no capitalismo na sua etapa de acumulação flexível em um país da periferia global como o Brasil.
O curso foi divido em 5 módulos, os 4 primeiros discutiram cada capítulo do livro com a presença de um/a professor/a convidado/a para facilitar a discussão e o quinto encontro foi uma conferência com o Professor Dennis de Oliveira fazendo um panorama sobre a obra e apresentando suas conclusões.