03.07.2020

A questão racial e o novo coronavírus no Brasil

Racismo e o novo coronavírus são armas mortíferas no Brasil e ambos são difíceis de serem combatidos em um quadro de desigualdades. Acesse o artigo "A questão racial e o novo coronavírus no Brasil" de Nilma Lino Gomes.

 

 

O Brasil é um país ao mesmo tempo diverso e profundamente desigual. Essa diversidade não é somente cultural e nem a desigualdade apenas socioeconômica e em momentos de crise, as desigualdades estruturais históricas destacam-se ainda mais e afetam segmentos sociais e étnico-raciais que constroem as suas vidas em meio a injustiças e violências.

A pandemia do novo coronavírus têm sido um dos momentos em que o racismo e a desigualdade racial estão escancarados no Brasil e no mundo. Porém, como resultado da ambiguidade do racismo brasileiro e da persistência do mito da democracia racial em nosso imaginário, nas práticas sociais e na política, essa situação tem sido invisibilizada, desconsiderada e escamoteada pelos governos e pela mídia.

Lutar contra a crise do novo coronavírus, numa perspectiva antirracista, é lutar contra o racismo, o cinismo social, o capitalismo, o neoliberalismo e a necropolítica. O caráter estrutural e estruturante da raça em nossa história social, política, econômica, cultural e educacional é de tal ordem que, ao considerarmos o seu peso na produção das desigualdades e na imbricação com o capitalismo, conseguimos refletir sobre os principais dilemas do Brasil e apontar caminhos mais democráticos para a nação.

Racismo e o novo coronavírus são armas mortíferas no Brasil e ambos são difíceis de serem combatidos em um quadro de desigualdades, de desgoverno, de extrema direita e de ascensão dos ideais fascistas. Podem até indignar, mas ainda não retiraram o Brasil da inércia racial.

Leia o artigo "A questão racial e o novo coronavírus" de Nilma Lino Gomes, que é Professora Titular Emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG). Pós-doutora em Sociologia (Universidade de Coimbra) e em Educação (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar). Doutora em Antropologia Social (Universidade de São Paulo - USP). Bolsista de Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas (NERA/CNPq) e membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.

 


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