A revolução digital – desafios para uma sociedade justa e para o trabalho decente
Conceito
O neoliberalismo, o domínio do sistema financeiro sobre a economia e as novas tecnologias configuram um novo ciclo do sistema capitalista. A reorganização da produção em cadeias globais, o avanço tecnológico, a robotização e a digitalização da economia provocam transformações no mundo do trabalho sem precedentes e colocam inúmeros desafios às sociedades e às organizações sindicais.
Tais desafios se caracterizam pelo aumento do desemprego e precarização das relações de trabalho de um lado e pela criação de poucos postos de trabalho mais especializados e melhor remunerados de outro, aumentando a assimetria social e a desigualdade. Ao lado dessas novas questões, persistem as desigualdades decorrentes da divisão sexual do trabalho e das desigualdades de tratamento e oportunidades para a população trabalhadora (indígenas, negros/as, migrantes, etc).
A experiência alemã do Livro Branco Trabalhar 4.0 é um caso interessante que pode servir de referência. O Livro foi elaborado pelo Ministério Federal de Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha no contexto de um amplo processo de diálogo com diferentes atores sociais. Por um lado, ele analisa os desafios atuais diante do avanço da digitalização e da globalização; por outro, menciona linhas de ação para o futuro. Ainda que o Livro Branco se refira, sobretudo, às condições existentes na Alemanha, o texto contêm enunciados e análises sobre o futuro do trabalho que são de ordem mais geral, com aplicabilidade que vão além desse país.
O mundo digital apresenta novas exigências tanto aos representantes dos trabalhadores como à política do mercado de trabalho, que deve apoiar e proteger os autônomos. A visão de um “bom trabalho na transformação digital” baseia-se em uma retribuição justa e na seguridade social, na formação contínua, em modelos de trabalho centrados nas diferentes fases da vida e em uma cultura empresarial que fomente a cogestão e a participação dos trabalhadores.
Provavelmente, em vez de gerar uma modificação substancial no nível de emprego, a transformação digital estrutural afetará a distribuição de postos de trabalho segundo cada profissão, setor e qualificação. A formação e a intensa capacitação profissionais são componentes essenciais para o trabalho de hoje e amanhã.
Perguntas guias do debate
Pode ser a digitalização uma nova fonte para o crescimento inclusivo, a produtividade e o bem-estar?; Quais serão as políticas públicas para fomentar a “revolução digital” em prol de uma sociedade mais justa?; Como assegurar o trabalho decente e evitar uma polarização do trabalho entre emprego de qualidade e emprego precário?; Como evitar uma nova divisão internacional do trabalho? Compartilhar análises e debater as possíveis respostas sindicais a essas questões são os objetivos dessa atividade.
Programa – 29/05/2018
15:00hs Boas vindas
Luiz Dulci, Instituto Marco Aurélio Garcia
Artur Henrique da Silva, Fundação Perseu Abramo
Thomas Manz, Fundação Friedrich Ebert
15:30hs Mesa Redonda
Carlos Mussi, CEPAL
A Revolução digital e o desenvolvimento inclusivo
Yasmin Fahimi, SPD
“Trabalhar 4.0” – a experiência alemã para enfrentar os desafios da transformação digital”
Artur Henrique da Silva, FPA
“Pensar o futuro do trabalho para um Brasil justo e democrático”
Graça Costa, CUT
“A visão de um trabalho decente na transformação digital”