25.08.2025

Agro eleva desigualdade e pressiona preços de alimentos, aponta estudo

Relatório da ABRA e da FES Brasil mostra que o modelo agroexportador eleva preços, aprofunda desigualdades e concentra crédito e benefícios fiscais.

Estudo da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) e da FES Brasil revela que o modelo agroexportador brasileiro contribui para a crise alimentar e social que afeta milhões de famílias. Assinado por Yamila Goldfarb e Marco Mitidiero Junior, “Agro, um bom negócio para o Brasil?” desmonta a ideia de que o agronegócio é o motor do desenvolvimento nacional.

O relatório mostra que, mesmo sendo o maior beneficiário de recursos públicos — via créditos subsidiados, isenções fiscais e perdões de dívidas —, o setor concentra-se em grandes monoculturas de exportação. Com isso, drena recursos do Estado, aumenta a desigualdade, encarece os alimentos e deixa de gerar desenvolvimento sustentável nos territórios.

“Na prática, o agro responde por apenas 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB), 3% dos empregos formais e menos de 1,5% da arrecadação tributária. É um bom negócio para poucos, mas um mau negócio para a sociedade brasileira. O país precisa de um novo modelo que priorize a soberania e a segurança alimentar, valorize a agricultura familiar, fortaleça a produção local e promova justiça social e ambiental”, afirmam os autores do estudo.

Principais achados:

Crédito sem comida no prato: A maior parte do crédito rural é destinada às grandes monoculturas voltadas à exportação, como soja, milho e carne, deixando de lado a agricultura familiar, responsável pela maior parte da produção de alimentos que chega à mesa dos brasileiros. O resultado é uma política de crédito que fortalece a dependência externa e enfraquece a soberania alimentar.

Tributação desigual: O setor concentra isenções fiscais e incentivos enquanto contribui de forma mínima para a arrecadação nacional. Essa distorção reforça um modelo no qual a sociedade financia o agro sem receber contrapartidas significativas em empregos, renda ou segurança alimentar.

O agro encarece a vida: A orientação do setor para commodities de exportação reduz a oferta de alimentos no mercado interno, pressionando os preços e agravando a fome e a insegurança alimentar. O estudo defende a necessidade urgente de políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar, da diversificação da produção e da implementação da Reforma Agrária como medida estrutural.

Desenvolvimento local limitado: Diferente do discurso de prosperidade regional, o agronegócio intensifica concentração fundiária, degradação ambiental, precarização do trabalho e desigualdade social, beneficiando apenas uma minoria.

Acesse o estudo na íntegra.