05.06.2020

Bolsonarismo em crise?

“Votantes de Bolsonaro estão desiludidos, mas votariam de novo nele por falta de opção” Leia a íntegra do novo Estudo de Esther Solano e Camila Rocha

 

Em mais uma pesquisa de caráter qual­itativo com eleitores de Jair Bolsonaro de renda média (faixas C e D de rendi­mentos, residentes na Região Metro­politana de São Paulo), que foi levada a cabo entre os dias 9 e 18 de maio de 2020, Esther Solano e Camila Rocha mapearam as principais narrativas rela­cionadas às diferentes avaliações do presidente Jair Bolsonaro e constata­ram que narrativas bolsonaristas sobre o Coro­navírus: a idéia da COVID-19 ser uma “gripezinha” não convence nem mes­mo os bolsonaristas mais fiéis.

Os en­trevistados têm medo da doença, mas têm igualmente medo do desemprego. A dicotomia bolsonarista saúde/econo­mia venceu em termos retóricos. As pessoas gostariam de manter o isola­mento, mas pensam que este é inviável para o pobre. Os entrevistados não conseguem avançar em argumentos para além desta equação sem aparente solução, que seria salvar vidas ou salvar a economia.

Os votantes de Bolsonaro que hoje se dizem arrependidos argumentam três questões principais: 1) a irresponsabili­dade de Bolsonaro com a população na pandemia e sua desumanidade de­bochando dos mortos, 2) seu estilo agressivo e provocativo de governar que cria caos e instabilidade, 3) sua conduta perante seus filhos, considera­dos inexperientes, insensatos e possi­velmente corruptos.

Porém, os ex-vo­tantes, desiludidos e frustrados, dizem que poderiam votar em Bolsonaro de novo em 2022. Desta vez, não por es­perança ou desejo de mudança, como afirmam ter feito em 2018, senão por não enxergar nenhuma alternativa polí­tica ou eleitoral.

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