Coleção “Periferias no plural” abre edital

Em 2023, como parte da celebração dos cinco anos do Projeto Reconexão Periferias, foi lançado o livro Periferias no Plural, uma colaboração entre o Projeto Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo, e a FES-Brasil.

A obra explora a diversidade das periferias brasileiras, organizada em sete eixos: Periferias (In)visíveis, Periferias de Povos e Comunidades Tradicionais, Periferias Rurais, Periferias Urbanas, Periferias no Centro, Periferias Econômicas e Periferias Globais. O livro também inclui uma introdução que reflete sobre a pluralidade das periferias de forma mais ampla, e capítulos que sintetizam as principais contribuições empíricas e teóricas desenvolvidas no Projeto Reconexão Periferias.

Tradicionalmente vista como uma categoria geográfica, a periferia, a partir do final do século 20, começou a ser reconhecida também pelas dimensões subjetivas, dinâmicas e políticas das populações que ocupam esses territórios. No Mapeamento de Movimentos Sociais e Coletivos das Periferias Brasileiras, realizado pelo Reconexão Periferias desde 2018, foram identificadas mil organizações e movimentos que se autodefinem como periféricos, revelando a riqueza e complexidade dessas iniciativas.

Conforme os atores periféricos se mobilizam e ressignificam seus territórios, a periferia deixou de ser vista apenas como um espaço de vulnerabilidade, passando a ser percebida como um local de potência. Esse movimento foi descrito por Tiarajú D’Andrea em sua tese sobre os sujeitos periféricos em São Paulo, que evidenciou como, ao longo das últimas décadas, a periferia passou a ser uma identidade de orgulho e afirmação.

O conceito de periferia evoluiu e se expandiu para além da geografia, passando a identificar outras formas de subjugação material e simbólica, e a se tornar um símbolo de resistência e identidade política. Essa transformação é fruto dos processos econômicos e políticos que influenciaram a formação das periferias, assim como da luta das classes populares contra o neoliberalismo, expressando sua identidade política por meio do pertencimento territorial.

Foi nesse contexto que surgiu o livro Periferias no Plural, em resposta às urgências políticas e às disputas sobre a definição e o uso do conceito de periferia. A obra busca registrar e explorar os diferentes significados e usos do termo, mostrando como a periferia se tornou, além de um espaço geográfico, uma ideia central nos estudos urbanos, nas artes e nos movimentos sociais.

Com a necessidade de continuar e aprofundar essa discussão, a FES-Brasil abre uma chamada pública para selecionar textos que explorem dois novos eixos de análise: Periferias Itinerantes e Periferias e Justiça Climática.

Periferias Itinerantes: Este eixo aborda grupos que vivem em condições de itinerância, como circos, povos ciganos, movimentos de luta por terra e moradia, e migrantes forçados. Esses grupos enfrentam marginalização territorial e política, além de desigualdades relacionadas ao reconhecimento e à redistribuição de recursos.

Periferias e Justiça Climática: Focado nas populações periféricas que, apesar de contribuírem minimamente para a crise climática, são desproporcionalmente afetadas por seus impactos. Este eixo destaca a necessidade de uma abordagem mais justa e equitativa nas políticas públicas que abordam questões climáticas e infraestruturas urbanas.