05.11.2025

Juventudes: Um Desafio Pendente

O que pensam, sentem e fazem as juventudes brasileiras sobre a política, a democracia e o papel do Estado? Descubra agora!

 

A Fundação Friedrich Ebert (FES) apresenta a pesquisa Juventudes: Um Desafio Pendente, o maior estudo sobre juventudes, política e democracia realizado na América Latina e no Caribe nos últimos. O levantamento ouviu mais de 22 mil jovens em 14 países da região, incluindo 2.024 no Brasil, e revela como essa geração interpreta o papel do Estado, as desigualdades e as possibilidades de transformação social em um contexto de profundas mudanças políticas. 

No Brasil, o relatório mostra um retrato diverso e dinâmico das juventudes: entre o desencanto com as instituições e a esperança por um futuro mais justo e democrático. As juventudes brasileiras expressam altos níveis de satisfação pessoal, mas também insatisfação com a economia e a situação do país, refletindo os efeitos da precarização do trabalho e da erosão de direitos sociais iniciados em 2016. Ainda assim, 88% acreditam que seu futuro será melhor, sinal de que a esperança segue como uma força política mobilizadora. 

PRINCIPAIS RESULTADOS

Entre os principais problemas apontados, destacam-se a pobreza, o desemprego e a insegurança (61%), seguidos por violência de gênero, drogas e corrupção. As mulheres jovens demonstram maior sensibilidade às desigualdades: 65% delas priorizam saúde, educação e combate à pobreza. A pesquisa também mostra que, embora a maioria continue apostando no Estado como garantidor de direitos, cresce a visão crítica e desconfiada das instituições públicas.

Em relação à democracia, 66% das juventudes defendem que ela é a melhor forma de governo, mas 58% concordam que um líder forte resolve melhor os problemas do que partidos ou instituições, e 49% acreditam que a democracia pode funcionar sem partidos políticos. Nesse sentido, os dados revelam que, embora a maioria dos jovens valorize a democracia como a melhor forma de governo, uma parcela significativa apoia lideranças fortes e a possibilidade de democracia sem partidos, sugerindo certa flexibilidade nos entendimentos sobre democracia. Já a rejeição aos governos militares e à ideia de que um governo autoritário é melhor que a democracia reflete um compromisso geral com princípios democráticos, ainda que haja divisões sobre confiança interpessoal e estruturas tradicionais

No campo ideológico, 44% se identificam com o centro político, 38% com a direita (dos quais 17% com a extrema direita) e 18% com a esquerda. As mulheres tendem a se posicionar mais à esquerda e a defender agendas progressistas, enquanto os homens aparecem mais alinhados a valores conservadores. Essa combinação de demandas por igualdade com visões tradicionais sobre família, segurança e moral sexual revela o caráter plural e em disputa do campo político juvenil no Brasil.

O estudo também evidencia uma crise de confiança nas instituições políticas: 57% não confiam nos partidos, 45% na Presidência e 42% no Legislativo. Em contrapartida, universidades, igrejas e meios de comunicação aparecem como as instituições de maior confiança. No entanto, essa desconfiança não significa afastamento total da política: 25% dos jovens afirmam ter interesse na política, e há um potencial de engajamento latente: 19% dizem querer se engajar em alguma causa, mas ainda não o fizeram.

As redes sociais são hoje o principal espaço de informação e expressão política. 93% dos jovens consomem notícias diariamente e 57% têm nas redes sua principal fonte de informação política. Contudo, o engajamento ainda é predominantemente reativo, marcado por curtidas e compartilhamentos, com baixa produção de conteúdo original e participação direta em mobilizações. Mesmo assim, temas como meio ambiente, direitos das juventudes, antirracismo e feminismo se destacam como causas de maior interesse.

A pesquisa Juventudes: Um Desafio Pendente revela que, apesar das contradições e dos desafios, as juventudes brasileiras seguem sendo um vetor de esperança, diversidade e renovação democrática. Combinando críticas às instituições com forte desejo de transformação, elas reafirmam seu papel como protagonistas na construção de um Brasil mais justo, inclusivo e participativo.


Baixe aqui a pesquisa completa “Juventudes: Um Desafio Pendente” - Uma análise sobre democracia, participação e posicionamento político das juventudes no Brasil

-Acesse o toolkit de divulgação da pesquisa