Em atividade no FSM 2018, a FES Brasil e a CUT discutiram a respeito das transformações no mundo do trabalho e as formas de proteger a classe trabalhadora neste novo ciclo do sistema capitalista.
No dia 14 de março de 2018, durante o Fórum Social Mundial em Salvador, a Fundação Friedrich Ebert (FES) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizaram um seminário sobre as transformações no mundo do trabalho diante das novas tecnologias e as respostas sindicais às novas formas de organização do capital. O seminário foi organizado em três mesas de discussão compostas por representantes sindicais e estudiosos de vários países.
Na abertura do seminário, o secretário de relações internacionais da CUT, Antonio Lisboa, e a vice representante da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, Katharina Hofmann, destacaram a importância desse debate diante dos ataques que os trabalhadores estão sofrendo em todo o mundo e especialmente no Brasil neste momento com o golpe contra a democracia e a reforma trabalhista.
A primeira mesa foi dedicada à discussão sobre “O controle do capital na revolução científica e tecnológica e os impactos no mundo do trabalho”. Contou com a participação do presidente da Confederação Sindical Mundial, João Felício, da economista e supervisora técnica do DIEESE, Ana Georgina Dias, e a economista uruguaia Alma Espino.
Na segunda mesa, Marcio Pochmann da Fundação Perseu Abramo, Valter Sanches da Industriall (Federação sindical internacional dos trabalhadores nas indústrias) e Camilo Rubiano da ISP (Internacional de Serviços Públicos) discutiram os impactos da revolução científica e tecnológica nos serviços e na indústria.
A terceira e última mesa debateu os desafios que essa nova configuração do capitalismo e do trabalho apresentam para a organização sindical. Rafael Lamas, da FGTB da Bélgica, Victor Baez, da Confederação Sindical das Américas, e Fausto Durante, da CGIL da Itália, abordaram a necessidade de reorganização do movimento sindical diante da digitalização, da robotização e da revolução da indústria 4.0.
O seminário contou com uma participação expressiva de representantes sindicais e dos movimentos sociais reforçando a necessidade de se aprofundar esse debate. Os debatedores e o público que lotou a tenda da CUT trouxeram elementos importantes a serem considerados na discussão sobre o futuro do trabalho e da organização sindical, destacando-se o desafio de organizar os trabalhadores informais e precários que hoje são caracterizados por relações contratuais individualizadas, pela ausência de referências como local de trabalho e jornada fixos, direitos reduzidos e dificuldades para se organizar e negociar coletivamente.
Há inúmeros desafios colocados por essa nova realidade. Entre eles estão a redução do número de trabalhadores no local de trabalho, o desemprego e individualização da relação entre o trabalhador e a empresa. Hoje o trabalhador não precisa se deslocar de sua casa para trabalhar e presta serviço para várias empresas. A extinção de várias funções se agudiza na quarta revolução industrial.
Na terceira revolução social, ainda havia um Estado de Bem Estar Social e o tripartismo funcionava. O Estado tinha mais força política e o governo devolvia o dinheiro do cidadão em serviços de qualidade. Na quarta revolução, o tripartimos e o Estado de Bem Estar Social desmoronaram. A legislação trabalhista protetora foi desmontada na maioria dos países. Junto com a digitalização vieram a redução dos postos de trabalho e a retirada dos direitos. Não haverá emprego para todos.
Outro ponto importante levantado foi a necessidade de construir um novo projeto de sociedade a partir dos interesses da classe trabalhadora diante do acirramento da luta de classes. Neste cenário, é urgente fazer a disputa política por um Estado forte que garanta proteção social, seja indutor do crescimento e faça uma distribuição justa da riqueza.
Não há mais espaço para o movimento sindical lutar sozinho. Os sindicatos não podem ter uma pauta de reivindicação curta, imediatista e restrita a partir da organização por categoria. É urgente a ação conjunta com os movimentos sociais para fazer a resistência à retirada de direitos.
Não se pode aceitar a visão dos organismos internacionais que defendem que o trabalhador deve se adaptar à realidade de desregulação e flexibilização das relações de trabalho. A classe trabalhadora tem novos sonhos e é preciso organizar novas formas de luta: se os sindicatos e a esquerda não o fizerem, novas organizações o farão. Esse é o caso da igreja neopentecostal e do crime organizado. Esse momento abre o espaço para uma nova organização. É preciso entender o que está acontecendo e construir uma pauta identificada com esses trabalhadores.
A nova organização do capital através de corporações transnacionais exige que o movimento sindical avance na sua organização internacional. A reorganização produtiva não é coisa nova. A novidade é a velocidade em que ela está acontecendo e a extrema concentração de renda. Toda essa reestruturação está concentrada nas mãos de multinacionais. É preciso atenção especial com os países que não completaram o ciclo das revoluções anteriores e estão submetidos a condições muito precárias como a Índia. É preciso que os sindicatos sejam mais jovens, mas femininos e organizados internacionalmente. Há que se usar as novas tecnologias em favor da organização dos/as trabalhadores/as.
Não é verdade que no trabalho de plataforma e na nova concepção da indústria não há possibilidade de ação dos sindicatos. Ao contrário, é preciso remover o paradigma de que organização dos trabalhadores é inútil no século XXI. São os jovens que trabalham nas plataformas digitais que nos dizem que não é verdade. Eles começam a se organizar usando o telefone celular, o mesmo celular que usam para trabalhar. Se os trabalhadores estão convencidos, eles podem!
É relevante o debate sobre as desigualdades de gênero. Se o movimento sindical não tiver uma atenção especial para a situação da mulher trabalhadora, as desigualdades tendem a aumentar. As mulheres têm indicadores melhores do que os homes em termos de formação. Porém, a melhor educação das mulheres e a automação tecnológica não garantem a elas igualdade nas condições de trabalho e remuneração. Embora os movimentos sociais tenham carências, as organizações das mulheres vêm sobrevivendo em todo o mundo. Em muitos países, elas têm sido as maiores expressões de resistência e de luta. Essas organizações podem ser fundamentais para a autonomia da classe trabalhadora.
O seminário foi rico e levantou questões importantes, discutiu os desafios que se apresentam aos trabalhadores e ao movimento sindical e deixou perguntas que reforçam a necessidade de um processo amplo de discussão sobre o futuro do trabalho. Como garantir filiação e negociação coletiva diante dessa nova realidade? Os sindicatos estão em condições de ceder parte do seu poder para fazer negociação transnacional? E como está a questão da economia solidária? Podemos imaginar modelos e ferramentas para construir um novo modelo social econômico e político como alternativa ao que está aí? Essas e outras questões exigem um esforço coletivo de elaboração e ação. A debate e a construção devem ser permanentes e a a CUT e a FES estão comprometidas com essa discussão.
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